Título original: Platoon
Direção: Oliver Stone
Elenco: Charlie Sheen, William Dafoe, Tom Berenger, Forest Whitaker, Johnny Depp
País: Grã Bretanha e EUA
Ano: 1986
Duração: 120 minutos
Língua: Inglês e vietnamita
Nota IMDb: 8,2
Cores: Colorido
Direção: Oliver Stone
Elenco: Charlie Sheen, William Dafoe, Tom Berenger, Forest Whitaker, Johnny Depp
País: Grã Bretanha e EUA
Ano: 1986
Duração: 120 minutos
Língua: Inglês e vietnamita
Nota IMDb: 8,2
Cores: Colorido
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Máquina de Moer Jovens
Já se falou muito do Vietnã, mas poucos souberam falar como Oliver Stone. A frase de abertura de Platoon, citando Eclesiastes, alerta os jovens para se regozijarem na sua juventude. Não é à toa: o Vietnã foi uma verdadeira máquina de transformar jovens em soldados, algo que transformaria suas vidas de uma forma irreversível — para o bem e para o mal. Como diz a frase no trailer: "Na guerra, a primeira a perecer é a inocência".
Escrito e dirigido por Stone, um veterano, o filme acompanha a caminhada dos chamados grunts, os soldados da infantaria do Exército Americano, desde sua chegada ao Vietnã até a morte ou o retorno para casa. O típico pelotão americano é retratado como um grupo heterogêneo, onde conflitos e questões como poder, racismo e ideologia emergem. A linguagem mista anglo-franco-vietnamita é o dialeto padrão, talvez uma das únicas coisas em comum entre eles. Ali, convivem e transparecem os humanistas, os psicopatas, os drogados, os brutais. O mais impressionante da caracterização desses tipos humanos é que não há maniqueísmos: não há bons nem maus, apenas soldados aliados ou inimigos. E eles são levados ao limite. Para lidar com isso, alguns incorporam a violência à sua personalidade; outros recorrem às drogas. Mas todos fumam… e muito. Aliás, o cigarro, hoje politicamente incorreto, é um dos “personagens” mais freqüentes nos filmes de guerra.
Do ponto de vista técnico, vale a pena ver retratadas as missões search & destroy, em que os grunts queimavam aldeias para prevenir que os vietcongs usassem; além disso, há também uma ação de um “rato de túnel”, um soldado treinado para entrar nos túneis e caçar vietcongs apenas com uma lanterna e uma pistola. A fotografia do filme é muito bonita e as músicas alternam hits da época com uma trilha instrumental fantástica (destaque para o tema principal).
O elenco é primoroso, formado por atores que já estavam em destaque na época ou alçaram vôo anos depois, como Charlie Sheen, Johnny Depp, Tom Berenger, William Dafoe e Forest Whitaker. Eles passaram por um campo de treinamento no bom estilo de Dale Dye (consultor de inúmeros filmes). A crueza de Nascido para Matar e a sensibilidade de Platoon (e o primor estético de ambos) certamente serviram de referência não somente para outros filmes do Vietnã, mas para muitos filmes de guerra que vieram depois.
Heber Costa
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Radicais Mudanças
Se existe uma coisa que é colocada à prova em tempo de guerra é o idealismo e a racionalidade das pessoas. Muitos dos soldados entram com um sentimento e saem com outro, alguns nem conseguem sair vivos da guerra. O sofrimento dos soldados muitas vezes acaba não sendo físico, mas, sim, psicológico.
Durante a Guerra do Vietnã, muitos combatentes americanos chegaram ao sudeste asiático com um ideal de trazer a liberdade e a democracia àquele lugar “provinciano”. Com o passar dos dias, meses e anos, esse pensamento se transformou de forma radical: a sociedade passou a combater de forma severa a participação norte-americana no conflito e os soldados passaram a repensar a sua situação, alguns até mesmo passaram por uma espécie de metamorfose e de idealistas se transformaram em verdadeiras máquinas de matar, que agiam muitas vezes sem pensar nas conseqüências de seus atos.
O filme Platoon traz à tona exatamente essa visão, em que um recruta cheio de idealismo passa a observar a guerra de um ponto de vista que não imagina que seria possível, e o seu pensamento passa a se modificar com as batalhas e as perdas de soldados.
Questões como essas sempre são responsáveis por mudanças nos caminhos das guerras. No caso do Vietnã, isso se tornou um problema para o governo do Estados Unidos, que começou a sofrer forte oposição da opinião publica, pedindo que fossem retirados os seus soldados daquele “inferno” —coisa parecida, porém com menor intensidade, ocorreu após a vitória contra o Iraque e no Afeganistão.
Historicamente, podemos indagar se quem participa de uma guerra traz consigo uma boa parcela de responsabilidade em seu desenvolvimento e se muitas vezes são os responsáveis para que o desfecho não seja de forma pacifica, pois normalmente estão interessados que elas se prolonguem para que possam se tornar grandes personagens desse triste evento.
Adriano Almeida