31 de mar. de 2009

O Resgate de Harrison

Título original: Harrison's Flowers
Direção: Elie Chouraqui
Elenco: Andie MacDowell, Adrien Brody, David Strathairn, Elias Koteas
País: França
Ano: 2000
Duração: 131 minutos
Língua: Inglês, servo-croata e francês
Nota IMDb: 7,2
Cores: Colorido







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O Amor contra a Guerra

O Resgate de Harrison foca em fotojornalistas cobrindo o conflito da Iugoslávia, mais especificamente a Guerra de Independência da Croácia (1991–1995). Essa premissa simples, no entanto, é transformada num filme com muitos recursos visuais, um bom elenco e efeitos especiais precisos.

Embora seja narrado sob várias perspectivas, a fita conta a história da família Lloyd, cujo pai, Harrison (David Strathairn), é fotógrafo. Após ser premiado com o Pullitzer, Harrison é mandado pela Newsweek para cobrir o conflito servo-croata, que a princípio pareciam ser “apenas escaramuças étnicas”, mas rapidamente se tornaram um extermínio de civis, inclusive inúmeros jornalistas. Acontece que Harrison é dado como morto, mas sua esposa, Sarah (Andie MacDowell), se recusa a acreditar e vai atrás dele.

Usando recursos de pseudo-entrevistas no estilo documentário, o perfil do casal Sarah e Harrison vai sendo construído e a história ganha vida. Os vários fotógrafos que estão no país em guerra acabam se vendo obrigados a ajudá-la. Entre eles, estão Adrien Brody (O Pianista), Brendan Gleeson (Harry Potter) e Elias Koteas (Além da Linha Vermelha), que ajudam a agregar veracidade à história.

Visualmente, o filme usa alguns recursos interessantes, como um plano-seqüência da frente de ataque croata, uso de imagem congelada para representar as fotografias, etc. Também ganha muitos pontos por utilizar as línguas dos Bálcãs e não aliviar os massacres ocorridos ali, o que poderia acabar minimizado os efeitos da política de genocídio do governo iugoslavo, que resultava em estupros e execuções em massa.

A parte “pirotécnica” é muito bem produzida, com explosões e balas traçantes próximas da câmera e muita destruição. Apesar disso, a produção comete erros primários de continuidade, como na maquiagem e troca de veículos (vale a pena observar o “TV” escrito no pára-brisa do carro: ele muda a cada tomada).

No geral, o resultado é bom. Além de ser bem-feito, o filme consegue reunir uma história de amor não totalmente inverossímil com a face mais grotesca da guerra. O diretor claramente se esforça para mostrar a Guerra da Iugoslávia com uma das mais caóticas e sangrentas da história, em que até os jornalistas pagaram com a vida.

Heber Costa


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Fragmentando uma nação

A dualidade e as disputas entre os países socialistas e capitalistas na Europa chegaram ao fim no início dos anos 1990, levando a um confronto ideológico entre as diversas etnias que compunham as nações adeptas do comunismo. Essa querela levou muitos países do Leste Europeu a se fragmentar, e esse processo acabou por gerar várias guerras civis. Sem dúvida alguma, a guerra entre croatas e sérvios foi a mais sangrenta de todas, com conflitos quase que constantes e muitas vezes sem fazer escolhas entre as vitimas — o filme O Resgate de Harrison nos dá uma boa dimensão dos combates em áreas civis e das baixas de não-militares ocorridas no transcorrer das batalhas.

Uma região cujo modelo de nação era basicamente submetido ao comunismo da União Soviética e da Alemanha Oriental e que recebia um grande apoio econômico se viu de uma hora para outra sem essa ajuda. Com o fim da “cortina de ferro”, as influências do mundo capitalista entraram de forma arrasadora no seio das classes dominantes e foram mais um atrativo para uma cisão da Iugoslávia em vários outros países como a Croácia, Bósnia, Sérvia e Montenegro.

Quando se pensava que as velhas rivalidades e antigos ódios estivessem sepultados por mais de quarenta anos de convívio de paz sob um regime comum, eis que se dá o conflito étnico-militar pela supremacia desse território. Com essa disputa, a Sérvia tinha a intenção de promover uma limpeza étnica e criar um Estado com uma esmagadora maioria de etnia sérvia. Uma guerra que durou dez anos e levou miséria a uma região onde ocorreram os principais acontecimentos da história antiga e da nossa contemporaneidade — vale lembrar que foi nessa região que aconteceu o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, o que levou ao início a Primeira Guerra Mundial.

O filme O Resgate de Harrison nos leva a ver a situação do território onde se deram as batalhas, mostra de uma forma bem clara a atuação dos repórteres mostrando ao mundo, quase que ao vivo, as atrocidades que uma guerra pode causar em uma população e as baixas não só dos envolvidos diretamente nas disputas, mas também daqueles foram lá para relatar os acontecimentos.

Adriano Almeida

Um comentário:

Anônimo disse...


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