5 de dez. de 2008

Hotel Ruanda

Título original: Hotel Rwanda
Direção: Terry George
Elenco: Don Cheadle, Joaquim Phoenix, Nick Nolte
País: Grã Bretanha / Itália / EUA / África do Sul
Ano: 2004
Duração: 121 minutos
Língua: Inglês e francês
Nota IMDb: 8,4
Cores: Colorido
Trailer






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As Ruínas de Ruanda

Vários aspectos fazem de Hotel Ruanda um filme de que vale a pena tratar, mas vou citar apenas três: (1) nunca é demais expor os horrores da guerra, especialmente a guerra civil; (2) é um dos mais recentes conflitos transformados em filme; (3) é uma crítica à postura mundial quanto aos conflitos internos das nações, especialmente na África.

A história real de um pai, Paul Rusesabagina (Don Cheadle), que luta para proteger sua família é a premissa desse longa que mostra todas as etapas de uma turbulência até se transformar numa guerra civil. As guerras civis geralmente são muito violentas e não respeitam convenções internacionais sobre conflitos armados. Elas envolvem, muitas vezes, questões políticas, sociais e ódio racial, como foi o caso da disputa entre hutus e tutsis naquele país do sudeste da África.

Paul trabalha um hotel que é uma espécie de oásis em meio a um deserto de miséria e ódio: nada penetra aquelas paredes. Tentando manter-se alheio a tudo, Paul imerge num mundo que não é o seu (o do turismo, do comércio, do luxo), mas acaba sendo chamado à realidade quando explode a disputa civil pelo poder e as milícias passam a trucidar indivíduos da etnia oposta. Quando o território do hotel é violado, é o simbolismo de que nada ficará intocado. Nem a propriedade dos brancos estrangeiros.

O papel das forças de paz da ONU (como visto em Falcão Negro em Perigo) é limitado por uma série de convenções e burocracias que frustram as ações dos militares envolvidos: mesmo diante de fatos gritantes, as forças dependem de inúmeras formalidades e normas para agir. Em poucas palavras, o que parece haver é uma falta de vontade política pelo pouco interesse que Ruanda representa nas esferas internacionais.

Há também uma discussão interessante sobre como a cobertura da mídia plastifica esses acontecimentos, tornando-os digeríveis por mais cruas que sejam as imagens mostradas. E isso também é criticado no filme de Terry George. Nos aspectos visuais, o filme não apresenta nada de inovador, com um estilo quase documental em certos momentos. O destaque fica para a força da história e as brilhantes atuações.

Genocídio, sobrevivência, amor fraterno, política e mídia estão entre os temas abordados por esse filme que é, sem dúvida, uma sacudida na cabeça daqueles que vivem realidades completamente diferentes dos conflitos etnopolíticos da África.


Heber Costa


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Um por todos...

Após o término do domínio europeu na África os países recém-independentes caíram numa profunda instabilidade política, levando — em sua maioria — a guerras étnicas que, por sua vez, causaram a verdadeiros massacres por parte dos grupos dominantes. O melhor exemplo disso foi o genocídio ocorrido em Ruanda, onde milhares de tutsis foram mortos pelos hutus.

Desde a ocupação do país pela Bélgica, o grupo que teve privilégios políticos e econômicos foram os tutsis, que, por serem de etnia diferente dos hutus, praticaram uma severa repressão, muitas vezes violenta. Com a saída dos belgas, foi organizado um governo de transição para administrar o país, porém essa atitude não teve muito sucesso. Uma vez no poder a repressão só mudou de lado e dessa vez foi mais severa ainda. Em meio a todas as atrocidades, aparece um personagem que faria a diferença em toda a história de um dos países mais pobres do mundo — Paul Rusesabagina, que chegou até a ser comparado a Schindler.

A história que ocorre em Ruanda chega a ser parecida a de muitos outros países africanos, um continente cujas nações foram organizadas segundo os interesses dos países europeus, e não divididas conforme a etnias dos povos que ali habitavam. Um dos momentos mais interessantes na guerra civil de Ruanda foi a reação do resto do mundo ao que estava acontecendo ali: não foi dada a devida atenção à situação e as nações unidas só intervieram de forma superficial na matança que estava acontecendo, diferentemente situações de interferências ocorridas em outros países onde o "primeiro mundo" tinha interesses.

De forma geral, o filme Hotel Ruanda traz como uma critica severa à atitude dos países do bloco desenvolvido, que muitas vezes fecham os olhos para os problemas dos países mais pobres, e historicamente funciona como um relado do genocídio ocorrido, demonstrando como foi que se organizaram as milícias e a resistência em meio à miséria extrema daquele país.


Adriano Almeida
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2 comentários:

Unknown disse...

Realmente as atuações são um dos pontos de destaque.Ressalto, principalmente, o trabalho de Don Cheadle.

Anônimo disse...

Assisti a esse filme sem nunca ter ouvido falar dele. Fiquei admirado como a guerra traz à tona uma violência irracional e grotesta, como se homens das cavernas lutassem ainda pela mesmo fogo que irá iluminá-los à noite. dáaaaaa Abraço