5 de nov. de 2008

O Grande Ataque

Título original: The Great Raid
Direção: John Dahl
Elenco: Benjamin Bratt, James Franco, Joseph Fiennes, Connie Nielsen
País: EUA e Austrália
Ano: 2005
Duração: 132 minutos
Língua: Inglês, filipino e japonês
Nota IMDb: 6,8
Cores: Preto-e-branco/colorido
Trailer









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Prisioneiros de Guerra e a Luta pelas Filipinas

A pouco falada campanha nas Filipinas, iniciada logo depois do ataque a Pearl Harbor, é o contexto deste O Grande Ataque. Passado em 1945, o filme retrata uma missão verídica de uma tropa de Rangers no resgate a prisioneiros remanescentes da rendição de cerca de 70 mil filipinos e americanos, ocorrida em Bataan (abril/1942), utilizando com base em dois livros: The Great Raid on Cabanatuan, de William B. Breuer, e Ghost Soldiers, de Hampton Sides. O resgate torna-se uma corrida contra o tempo, já que os japoneses tinham começado a executar prisioneiros por conta do avanço do 6º Exército Americano sobre as Filipinas.

Embora pouco inovador, o longa traz alguns aspectos interessantes. Primeiro, a cooperação filipino-americana nos anos 1940. Isso pode logo ser percebido nos armamentos que carregam: são fuzis, bazucas e metralhadoras americanas (Thompsons e Brownings M1919) misturadas a armas mais antigas (em uma cena, é possível ver uma Vickers, da Primeira Guerra). Vale notar que os filipinos, bem representados pelo Capitão Pajota, não são meros paus-mandados, intervindo com observações ao plano de resgate, especialmente no que toca ao conhecimento do terreno — fator de fundamental importância em qualquer estratégia militar.

Esse, aliás, é o segundo ponto de destaque. No decorrer do filme, é explicitada a estratégia global do resgate, bem como seus ajustes, mas também se pode observar várias vezes as táticas de nível mais elementar, como a de usar fogo de supressão e depois flanquear o inimigo, consagrada na Segunda Guerra. Um terceiro fator interessante são as cenas reais utilizadas no começo e no fim de O Grande Ataque. Remasterizadas, essas imagens contextualizam e retratam os dois principais fatos: a derrota em Bataan e o resgate em
Cabanatuan, envelopando bem esse recorte histórico.

No aspecto técnico, o filme é razoável. Embora haja um romance paralelo, muitas cenas de campo de concentração (nada de novo) e pinceladas da ação da resistência filipina, a trama se sustenta só mesmo pela missão. Em vista desse foco, Os personagens, com raras exceções, não são bem desenvolvidos, o que gera atuações na média, nada que cause embaraço. Há ótimas cenas de ação — realistas e com pirotecnia na dose certa. O longa ganha pontos a mais também pelo uso dos idiomas originais (filipino, japonês e inglês). Apesar de um pouco romantizado, O Grande Ataque é uma boa oportunidade de se conhecer uma operação bem planejada, ver boas cenas de combate e ter uma visão da Segunda Guerra por um outro foco.


Heber Costa



Curiosidade: o Gen. Krueger é interpretado por Dale Dye, fuzileiro veterano do Vietnã, hoje consultor militar e ator de vários filmes de Hollywood, entre eles Band of Brothers, O Resgate do Soldado Ryan, Platoon, Pecados de Guerra e Nascido em 4 de Julho.



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Taticamente Perfeitos


Entre todas as batalhas durante uma guerra as mais incríveis são sem duvida as chamadas operações especiais, não por se tratar de situações específicas dentro dos combates, mas pelo desprendimento de conhecimento tático e empenho dos personagens envolvidos em tais eventos. Historicamente, os desenlaces das operações especiais mudaram o rumo das batalhas, se não das próprias guerras. Não falo apenas pela mais famosa delas — o Dia D —, mas, sim, pelas inúmeras outras que existiram e deram outro encaminhamento para o desfecho da Guerra. O filme O Grande Ataque utiliza a ocupação das Filipinas pelo exercito japonês, a resistência dos civis e o resgate de um grupo de soldados do campo de Cabanatuan de um campo de prisioneiros para relatar os fatos ocorridos no ano de 1945.


Estrategicamente situada na rota que as tropas nipônicas utilizavam para seguir em direção ao oeste da Ásia, essa região era ponto estratégico para o futuro da guerra no Pacífico. Sendo invadidas pelo exercito japonês em 1941, as Filipinas eram ocupadas desde 1937 pelo exército americano, que não conseguiu resistir aos ataques investidos contra as suas principais bases. Apesar da resistência montada pelos ianques e os insurgentes filipinos, os japoneses conseguiram conquistar quase todo o país. Isso se deve ao fato de as ilhas estarem a uma longa distância dos quartéis-generais dos Estados Unidos e à saída do General MacArthur da península, o que levou à desarticulação dos norte-americanos. Durante a retomada das Filipinas, um evento chama a atenção pelo seu impacto nas tropas envolvidas — tanto americanas quanto japonesas — o regaste dos prisioneiros em Cabanatuan. Uma operação taticamente bem montada e executada com maestria foi responsável por uma das mais eficientes operações do combate da história. Não só pelo seu êxito, mas principalmente pelo fato de que nem sempre sairá vencedor da batalha o lado que tiver o maior exército e o melhor equipamento, e sim aquele que estiver estrategicamente melhor montado.


O filme pode ser utilizado como um bom apoio didático para as aulas sobre as ocupações na Ásia Insular durante a Segunda Guerra, não deixando de ser um bom entretenimento para apreciadores ou não dos filmes de guerra.



Adriano Almeida




Um comentário:

Anônimo disse...

Esse eu não conhecia... vai ser mais um para a minha lista.

Sobre Dale Dye, só lembro do impagável Coronel Sink the Band of Brothers.