5 de out. de 2008

Sem Novidade no Front

Título original: All Quiet on The Western Front
Diretor: Lewis Milestone
Elenco: Lew Ayres, Louis Wolheim, Slim Summerville
País: EUA
Ano: 1930
Duração: 135 minutos
Língua: Inglês / Francês / Alemão

Nota IMDb: 8,1
Cores: Preto-e-branco

Trailer













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Viver e morrer no front

O impacto psicológico que um soldado passa ao entrar numa guerra é sem dúvida uma das coisas mais importantes, principalmente porque pode mudar o rumo de toda a disputa. O filme Sem Novidade no Front tem o cuidado de mostrar o cotidiano do front, a vida dos soldados na Primeira Guerra Mundial, tentando evidenciar os vários sentimentos que os jovens combatentes sentiram durante o conflito, desde a euforia de estar participando da primeira batalha até as incertezas da vida nas trincheiras.

Algumas passagens são dignas de serem mencionadas não só pela sua importância como acontecimento na história, mas principalmente pelo fato de tentarem retratar a situação precária e subumana das trincheiras. Posso destacar três dentre os vários momentos importantes: o primeiro seria o alistamento, quando os jovens estão eufóricos após um discurso incentivador de seu professor. Isso mostra como os garotos eram educados nos primeiros anos da Guerra. Havia um grande incentivo para que participassem e demonstrassem o seu patriotismo. O segundo momento seria o impacto que a guerra causa nos homens — a primeira batalha —, quando a moral dos soldados é posta à prova, deixando visível o medo da morte iminente e as incertezas do futuro que os aguarda. No terceiro instante, destaca-se a reação do soldado ao voltar para casa e visitar a escola, encontrando ali um ambiente pouco acolhedor: ele não se sente membro daquele lugar e, ao ouvir o velho discurso de seu antigo mestre, que há alguns anos serviu de inspiração para que ele e seus amigos se empenhassem naquela jornada, fica incrédulo com tudo aquilo que os civis acreditavam estar acontecendo no front.

Fatos como esses nos levam a analisar, criteriosamente, o que é relatado sobre o dia-a-dia dos soldados na Primeira Guerra, pois muitas fontes não dão o valor necessário ao cotidiano do campo de batalha, e Sem Novidade no Front expressa, de forma bem peculiar, a árdua vida no front.



Adriano Almeida



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A vida nas trincheiras e a desilusão da guerra

Considerado um dos mais fortes manifestos pacifistas, Sem Novidade no Front mostra, desde as primeiras cenas, os sentimentos que dominavam a mente da população na época: o patriotismo, a honra, o orgulho e o senso de dever. A disparidade entre essa idealização da guerra e a realidade é sem dúvida o tema mais forte do filme, que mostra a inutilidade dos ataques e o quanto os soldados padeciam de fome, frio e terror sob os bombardeios — ou, como diz o protagonista, “... o quanto morrer pela pátria é sujo e doloroso”. Enquanto os professores incitam jovens à guerra, no front os soldados descobrem que, sem a farda, seus inimigos são iguais a eles: querem apenas sobreviver mais um dia. A morte choca não pela violência, mas pela sua banalidade e freqüência. Isso fica explícito na ironia do par de botas que passa de pés em pés, durando mais do que os próprios soldados que o utilizam.

O roteiro adaptado altera a ordem de alguns fatos do texto original, o que deixa a trama um tanto truncada. Por outro lado, dados os recursos da época (1930), Lewis Milestone é um poço de criatividade quando se trata de fotografia e efeitos especiais. O uso de uma câmera não-estática passando por trás das metralhadoras alemãs e francesas nas cenas em que os soldados são dizimados e acompanhando os soldados nos ataques e contra-ataques traz um dinamismo impressionante às seqüências. Essa habilidade de filmar, somada aos efeitos, constrói imagens de causar inveja a muitos filmes de guerra recentes.




Como nem tudo é perfeito, cabe ressaltar como pontos negativos que algumas atuações são um pouco exageradas (o que era natural na época) e também o fato de ser uma obra sobre soldados alemães, mas ser majoritariamente falada em inglês, já que é produção americana. A despeito disso, o resultado é um longa poderoso e extremamente inovador, que se tornou um marco, sendo proibido em vários países. No fim, uma mensagem fica clara: a guerra é uma grande ilusão.



Heber Costa


4 comentários:

Unknown disse...

Sucesso, sucesso!

Anônimo disse...

Assim que eu vi, lembrei da minha professora de História indicando Nada de Novo no Front =D

Anônimo disse...

Ora só, um dos primeiros livros de memórias de guerra que li, em 1981. É aquela velha edição da Editora Abril. Até hoje recomendo o livro para meus alunos.

Cesar.

Anônimo disse...

Nunca dei muita bola pra comentaristas de filmes,muitos dos quais até estragam o espetáculo. Entretanto, os comentários dos Doutores Costa e Almeida nos guiam aos bons detalhes dos filmes, permitindo-nos sessões bem mais proveitosas.

E. Junior.