28 de fev. de 2009

Patton – Rebelde ou Herói?


Título original: Patton
Direção: Franklin J. Schaffner
Elenco: George C. Scott, Karl Maden
País: Estados Unidos
Ano: 1970
Duração: 170 minutos
Língua: Inglês, francês, alemão, russo e árabe
Nota IMDb: 8,1
Cores: Colorido





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O General Controvérsia

Embora não tenha tido tanto destaque quanto Eisenhower, Montgomery e Rommel, o general George S. Patton foi realmente uma das figuras mais interessantes da Segunda Guerra Mundial. Carismático, ambicioso e brilhante estrategista, Patton teve atuações importantes para o resultado positivo dos aliados.

Patton – Rebelde ou Herói? (esqueça o subtítulo) conta a trajetória desse personagem justamente durante o conflito mundial, mais especificamente entre a entrada dos americanos na campanha do norte da África e o fim da guerra. O início mostra um Patton dizendo a que veio, numa das cenas mais marcantes do cinema. Trata-se de um discurso proferido pelo ótimo George C. Scott no papel do general que é um apanhado de vários discursos reais. Esse começo, aliás, foi uma ousadia do jovem
Francis Ford Coppola, que assinou o roteiro e curiosamente acabou despedido antes do fim das filmagens, mas o filme acabou ganhando o Oscar de melhor roteiro original (e mais 7 Oscars), o que lhe possibilitou concluir a obra prima O Poderoso Chefão.

Embora longo, o filme prende a atenção por alternar muito bem cenas de ação com dramáticas. Além disso, é possível estabelecer ligações históricas com outros filmes. As aparições de Rommel remetem a
Raposa do Deserto, a passagem por Malmedy relembra Santos ou Soldados e o polêmico resgate da 101st Airborne em Bastogne faz lembrar um dos últimos capítulos da extraordinária série Band of Brothers.

Como pontos negativos, pode-se dizer que o filme às vezes dá a entender que Patton teve uma influência muito maior no curso da guerra do que realmente teve. O tom às vezes fica elogioso demais, especialmente quando vindo de personagens alemães. Mas a parte negativa acaba por aí. Não é só uma boa cinebiografia: é um excelente filme de guerra.

A produção é fantástica: são inúmeros tanques, aviões e soldados. Há um cuidado com a precisão histórica de uniformes, armas e cenários. Um ponto sempre positivo é cada personagem falar realmente a sua língua, como é o caso aqui. A perspectiva narrativa é a de um general, ou seja, privilegia a visão panorâmica, em vez da câmera individual, que simula a visão do soldado.

É possível enxergar o lado ruim e bom de Patton, um sujeito desbocado, religioso, rude, delicado, competitivo, poético e… isso mesmo: controverso.

Heber Costa



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Toda glória é efêmera

Dentre os grandes generais da Segunda Guerra, alguns se destacaram de forma peculiar. Um deles foi o general do 3º Exército dos Estados Unidos, George Smith Patton Jr. Se a Alemanha tinha toda a perspicácia e intuição de Rommel, os aliados tinham a rebeldia e audácia de Patton, um oficial com extraordinária competência, um imenso senso de liderança e um temperamento incrivelmente rebelde. Dono de um linguajar único e atitudes muitas vezes revoltantes, Patton se considerava um verdadeiro guerreiro — no melhor estilo clássico da Idade Antiga.

O “Old Blood and Guts”, como era conhecido, esteve presentes nos momentos mais importantes da Segunda Guerra: na África, combatendo os Afrika Korps de Rommel — havia uma admiração mútua entre esses dois generais; nas movimentações da invasão da Normandia, no Dia D, sem falar que foi sua a investida mais bem-sucedida da marcha a Berlim — em pouco tempo, ele avançou cerca de 2.000 km, retirando de combate 1,8 milhão de soldados alemães e libertando mais de 12 mil cidades e povoados da Europa. Ao mesmo tempo que era brilhante no front, ele cometia verdadeiras mancadas nos bastidores: desobedeceu ordens dos superiores e xingou de covarde os soldados com fadiga de batalha.

Um dos momentos mais importantes da sua campanha européia foi o apoio à 101ª divisão Airborne da floresta de Ardenas, em que seus comandados percorreram 150 km de distância sem descanso e ainda batalharam contra o exército alemão. Inúmeros foram os seus feitos: a conquista de Palermo na Sicília, no norte da África, na França, entre outros. Fez vários amigos e inimigos dentro e fora do exército aliado — o principal desafeto foi o marechal inglês Bernard Law Montgomery, mais conhecido como “Monty”.

Um dos melhores relatos sobre sua vida militar é o filme Patton – Rebelde ou Herói?, que mostra a trajetória do general desde as campanhas na África até a sua deposição do 3º Exército após a tomada de Berlim. Sem dúvida alguma, uma das melhores cinebiografias dos grandes personagens da Segunda Guerra Mundial. Para aqueles que quiserem saber mais sobre a vida de Patton, existe um livro autobiográfico intitulado A Guerra que Eu Vi (1974). E, para finalizar, uma frase dita a ele: “Toda glória é efêmera…”.

Adriano Almeida

22 de fev. de 2009

Raposa do Deserto


Título original: The Desert Fox: The Story of Rommel
Direção: Henry Hathaway
Elenco: James Mason, Desmond Young, Leo G. Carroll, Jessica Tandy
País: Estados Unidos
Ano: 1951
Duração: 88 minutos
Língua: Inglês
Nota IMDb: 7,1
Cores: Preto e branco


Trailer




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A História de Erwin Rommel

Considerado um dos mais brilhantes estrategistas da história militar da Alemanha (talvez do mundo),
Erwin Rommel era também um homem de bom senso, um patriota e um cavalheiro. Pelo menos é isso que mostra o filme Raposa do Deserto, que narra um trecho da vida dessa ilustre figura da história mundial.

O filme começa com uma apresentação do personagem que será o narrador: o Tenente Coronel Desmond Young, que na vida real foi o autor da biografia de Rommel, que foi adaptada como roteiro por Nunnaly Johnson. Logo de início, há uma surpresa desagradável para os desavisados: o filme é em inglês. Isso é um fator que soma pontos negativos, pois sempre surgem aquelas cenas em que alemães e britânicos se encontram e trocam palavras como se não houvesse uma língua e uma cultura entre eles.

Afora esse detalhe, no todo o filme é muito bom. Além de retratar a postura nobre e a capacidade estratégica da “Raposa do Deserto”, concentra-se naquela que talvez tenha sido a mais decisiva campanha de sua vida: o plano para matar Hitler. A história desse plano e suas conseqüências já foram contadas em vários filmes, entre eles um batizado em português de Operação Valquíria, longa alemão (muito bem) produzido para a TV em 2004, cujo nome original é Stauffenberg, numa alusão ao nome do oficial que plantou a bomba na casamata de Hitler. Essa fita com certeza é a base do novo Operação Valquíria, com Tom Cruise.

Mas, voltando para Raposa do Deserto, ele explora o conflito ideológico enfrentado pelo marechal-de-campo alemão: cumprir seu dever de soldado e enfrentar a destruição ou pensar no bem da Alemanha como um todo e envolver-se numa traição. A história é muito bem contada ao estilo dos anos 1950, costurando imagens novas e registros reais da guerra no deserto norte-africano. Como na maioria dos filmes antigos, algumas montagens são constrangedoras e algumas atuações também (veja-se o Hitler). No elenco, há atores do nível de Jessica Tandy (Tomates Verdes Fritos, Cocoon e Conduzindo Miss Daisy) e vale também notar a presença do biógrafo Desmond Young como ele mesmo.

Mas James Mason (1909–1984) rouba a cena e empresta ao papel principal uma dignidade impressionante, fazendo o público praticamente esquecer que está vendo um ator britânico, e não alemão, na tela. Mason, aliás, estrelou clássicos como Lolita, Cyrano de Begerac e Madame Bovary. Em 1953, aceitou repetir o papel de Rommel no ótimo Ratos do Deserto, que conta a história das tropas australianas que demonstraram grande bravura contra os alemães no
Cerco de Tobruk, na Líbia, em 1941. Mas essa já é outra história do marechal-de-campo Erwin Johannes Eugen Rommel.

Heber Costa


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Bravo e destemido

No jogo de xadrez das campanhas de guerra, sempre os melhores homens conseguem sobressair: alguns pela sua perspicácia, outros pela sua coragem, muitos pela lealdade e companheirismo, porém poucos conseguem reunir todos esses pré-requisitos e, quando conseguem, marcam o sue nome na história das grandes batalhas. Um deles sem dúvida é Erwin Johannes Eugen Rommel.

Temido pelos seus adversários e venerado pelos seus comandados Rommel tornou a campanha no norte da África — durante a Segunda Guerra Mundial — em um campo de extrema estratégia e de uma disputa até hoje jamais vista. Armado com uma astúcia invejável e um senso de ataque que causava invídia, o marechal-de-campo levou o Afrika Korps a ser conhecido mundialmente. Apesar de toda a sua competência, a campanha no norte da África acabou não sendo vitoriosa. Inúmeros foram os motivos que levaram a tal fato — desde a falta de apoio logístico até a escassez de combatentes —, e isso fez com que Rommel voltasse para a Europa a pedido de Hitler para coordenar as defesas na França, Holanda, Bélgica e Dinamarca contra uma possível invasão aliada.

Um dos melhores relatos sobre a trajetória de Rommel é o filme Raposa do Deserto, titulo que faz alusão ao apelido que o major recebeu durante a campanha da África. O filme traz um relato marcante sobra a sua vida militar, abordando os problemas durante a campanha do Afrika Korps, passando pela conspiração contra o Führer, e chegando à sua morte — vale lembrar que após ser ferido na invasão da Normandia, Rommel foi hospitalizado e ali mesmo recebeu a noticia de que deveria decidir se iria ser julgado e provavelmente condenado junto com seus familiares ou optaria por ingerir veneno para suicidar-se, a opção escolhida foi a segunda.

Sem dúvida alguma naquele momento o mundo perderia uma das mais celebres mentes da guerra moderna, uma pessoa que independentemente do lado que estivesse seria um grande personagem na história da maior das guerras.

Adriano Almeida

8 de fev. de 2009

A Queda! – As Últimas Horas de Hitler



Título original: Der Untergang
Direção: Oliver Hirschbiegel

Elenco: Bruno Ganz, Alexandra Maria Lara, Christian Berkel, Juliane Köhler
País
: Alemanha, Itália e Áustria
Ano: 2005
Duração: 156 minutos
Língua: Alemão e russo
Nota IMDb: 8,4
Cores: Colorido







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Adeus, Hitler!

Baseado nas notas autobiográficas da secretária Traudl Junge, este filme aborda apenas uma parte da trajetória meteórica de Adolf Hitler no comando da Alemanha nazista. Grande parte dele se passa no bunker particular de Hitler e retrata o cotidiano de todos aqueles que faziam o trabalho burocrático ou prestavam aconselhamento a ele.

Considerado bastante polêmico por mostrar tanto seu lado imprevisível, autoritário e cruel quanto um lado mais humano e até agradável de Hitler, este A Queda é uma produção realmente digna de nota. Todos os detalhes, até onde se sabe, estão perfeitos. A fotografia é corretíssima, e aspectos como maquiagem, figurino, etc., são impecáveis. O fato de ser uma produção alemã agrega muito mais valor ao filme. Sente-se que o tema está sendo tratado com propriedade e que, ao mesmo tempo, expurga um desabafo dos alemães em relação a esse tema quase tabu.

Outro ponto de destaque é a atuação de Bruno Ganz, que interpreta o Führer com maestria tão grande que não há quem não se convença de que ele realmente estudou todos os cacoetes e as minúcias do comportamento e da personalidade de Hitler. Outros personagens importantes também estão muito bem caracterizados, como Himmler, Speer, Goebbels e Göring.

Enfim, dentro da linha de filmes biográficos, este certamente figuraria entre os três primeiros. Além de seu apuro estético, é um filme fantástico.

Heber Costa

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Um Louco no Comando

Os grandes momentos da história estiveram marcados pela presença de homens com o poder de alterar o resultado dos fatos — para melhor ou pior. É natural que nos momentos históricos aconteça uma procura de personagens para dar-lhes “vida”. Vilões e heróis surgiram e irão surgir no tempo histórico, alguns marcam a História de forma terrível e outros são tão extraordinários que é difícil não se sensibilizar com a sua trajetória de atos e vida.

A Queda – As Últimas Horas de Hitler procura expor os momentos finais da vida do líder nazista, explorando o lado mais íntimo do ditador, o filme mostra com eram inconstantes as atitudes do Führer. O homem por trás de toda a tragédia ocorrida na Europa tinha objetivos tão vis que suas decisões chegavam a ser ridículas e muitas vezes eram questionadas pelos seus próprios generais, que não entendiam como as ordens dadas por Hitler poderiam levar à Alemanha a vitória. Com uma rápida ascensão e sem ganhar uma eleição presidencial, Hitler obteve poder absoluto e apoio popular em pouquíssimo tempo. Ele tinha uma política muito centrada em levar a Alemanha a ser o centro do mundo e para isso transformou o país em uma grande indústria bélica, chegando a ter o maior poderio de guerra do mundo.

Um fator importante do filme é a relação de Adolf Hitler como os seus funcionários mais íntimos, eles nutriam uma admiração e lealdade tão extrema que chegava a ser algo doentio, endeusavam o seu líder e eram capazes que qualquer coisa para segui-lo. O tormento da Europa começa a chegar ao fim com a aproximação das tropas russas ao quartel general do ditador em Berlim, acuado ele não aceita a idéia de recuar ou fazer um acordo e ordena que os seus exércitos ataquem as tropas soviéticas, porem já era tarde demais para uma reviravolta, e o destino da Segunda Guerra estava traçado: o final do Führer foi o suicídio juntamente com uma boa parte de seus fiéis escudeiros.

Por se tratar, praticamente, de uma biografia de Traudl Junge, enquanto foi secretaria de Hitler — A Queda – As Últimas Horas de Hitler — é um ótimo apoio didático para ser utilizados em sala de aula e um excelente e esclarecedor filme para os interessados nos personagens de guerra.

Adriano Almeida

Biografias da Guerra

Não é nenhuma novidade que as guerras, como outros fatos históricos, envolvem milhares, milhões de pessoas. Mas também não é raro que o destino de povos inteiros caiam nas mãos de um único homem. Considerando a seriedade de casos assim, decidimos abordar três importantes biografias de personagens famosos da história bélica mundial.

Abraços!